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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A CRISE DA MEIA-IDADE PARTE 1

Pensava-se, tempos atrás, que uma pessoa tinha atingido os limites do crescimento ao entrar na idade adulta. Segundo proeminentes psicólogos do início deste século, as maiores lutas e os maiores traumas eram enfrentados na infância e na adolescência; quando as pessoas se tornavam adultas, tudo passava a ser um mar de tranqüilidade. A idade adulta era vista por Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, e pelo psicólogo e educador americano G. Stanley Hall como a fase da maturidade. Embora tivesse prevalecido por algum tempo, essa visão da última virada de século sobre a idade adulta era estreita, pois não levava em conta as opiniões e experiências de muitos pensadores do passado. Já no século XIV, por exemplo, Dante descrevia sua própria situação na meia-idade de forma bastante diferente, em seu monumental poema A DIVINA COMÉDIA. No canto de abertura do inferno, lê-se:
Da minha vida em meio do caminho,
tendo perdido o rumo verdadeiro,
Em uma selva escura dei comigo,
Ah! Como é árduo descrever qual era
Áspera, brava, espessa de tal modo,
Que só idéia me renova o susto!
Foi tal que é pouco mais pungente a morte;
Mas por amor do bem aí achado,
Narrarei o que mais por mim foi visto.*

Entretanto, só em 1930, com o trabalho pioneiro do psicólogo suíço Carl Jung, os diversos estágios da idade adulta foram considerados merecedores de estudo sério.
Ao se chegar à década de 1970, a noção de que a idade adulta era um período homogêneo , tranqüilo e sem complicações, tinha sido invertida por completo. A experiência de Dante tornou-se por excelência a metáfora para os anos da metade da vida. Popularizado por um livro de Gali Sheehy, Passages: Predictable Crises of Adult Life, o fenômeno da “crise da meia-idade” assomou à consciência da sociedade ocidental. Considerando-se o grau em que o mundo havia mudado desde o inicio do século, parecia bastante razoável que uma crise pudesse caracterizar a meia-idade. Não só as pessoas estavam vivendo mais e, dessa maneira, prolongando a meia-idade, como a vida de família e a própria sociedade tinham se modificado de forma apreciável, tornando-se muito mais complexas.
Hoje, surge uma nova e importante compreensão dos anos da metade da vida, que oferece um quadro mais esperançoso , onde o ciclo vital é visto como um todo e, o que é mais relevante, as “crises previsíveis” são postas na perspectiva adequada. Essa nova visão reconhece que os adultos continuam a crescer e a se adaptar às diversas exigências e funções da vida adulta, passando por grandes mudanças físicas e emocionais durante esse processo. Freqüentemente eles sentem uma transformação na meia-idade, revigorando-se e reengajando-se para viver o resto da vida de maneira mais plena.

UM SCRIPT TOTALMENTE NOVO
A mudança que pode ocorrer em torno da meia-idade, é agora vista como uma fase normal, saudável e vital de crescimento interior. Os anos da metade da vida não são mais tidos apenas, ou predominantemente, como um tempo de crise. A visão esclarecida atual considera a meia-idade como a mais longa e talvez a mais desafiadora de todas as fases de desenvolvimento humano. Uma considerável quantidade de trabalhos escritos recentemente explica, entre outras coisas, por que na meia-idade há compromissos novos e mutáveis , por que a menopausa é um rito crucial de passagem, por que há um chamado entrecruzamento de gênero e por que “cuidar da alma” se torna então importante.
Livros como Coming into Our Own: Understanding the Adult Metamorphosis, de Mark Gerzon: Coming into Our Fullness: On Women Turning Forty e On Women Tuning 50: Celebrating Middle Life Discoveries, de Cathleen Rountree; The change: Women, Aging and the Menopause, de Germaine Greer; Maring Sense of Menopause, de Faye Kitchener, e muitos outros oferecem histórias inspiradoras sobre pessoas de carne e osso que encontraram uma “prorrogação da vida” ao chegar à meia-idade. Ainda que possa haver outras dificuldades à frente, compreende-se agora que um componente essencial de qualquer crise é a capacidade de conduzi-la a uma solução

FONTE:
ROBERT ATKINSON é PhD,
Professor assistente de
Desenvolvimento humano e diretor
Do centro para o Estudo das Vidas
Na Universidade de Southern Maine,
Gorham.

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