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terça-feira, 6 de março de 2012

O FUNDAMENTALISMO ISLÂMICO PARTE 2

Os efeitos negativos da modernização são também importantes para se compreender a revivescência islâmica. Entre esses efeitos estão o êxodo maciço das aldeias e a rápida urbanização das cidades superpovoadas; o colapso dos valores familiares, religiosos e sociais tradicionais; e a adoção de um estilo de vida ocidental, aceito entusiasticamente como símbolo de modernidade, mas também criticado como fonte de declínio moral e mal-estar espiritual, corrupção, desemprego e má distribuição da riqueza. Para a grande maioria dos muçulmanos, a revivescência é uma reafirmação da identidade cultural, do respeito religioso formal, dos valores familiares e da moral. O estabelecimento de uma sociedade islâmica exige, segundo essa visão, uma transformação pessoal e social indispensável ao verdadeiro governo islâmico. A mudança efetiva deve vir de baixo, por uma gradativa transformação social provocada pela implementação da lei islâmica. Por outro lado, uma minoria significativa vê as sociedades e governos islâmicos dos países muçulmanos como insuperavelmente corruptos. Acreditam que as sociedades não-islâmicas não passam de infiéis e que o segmento religioso foi cooptado pelo governo. Esses críticos acham que tanto as elite religiosas quanto as políticas devem ser derrubadas e substituídas por uma liderança que se comprometa com o Islã e siga a lei islâmica. Esses grupos revolucionários radicais, embora relativamente pequenos, mostraram-se eficientes na agitação política e na prática e na prática de assassinatos. Não conseguiram, porém, mobilizar as massas. Grande parte da década de 1980 foi dominada pelo medo de que o Irã exportasse sua revolução, e pelas imagens de organizações extremistas que recorriam à violência, a seqüestros e ao terrorismo. Em fins da década de 1990, porém. Os movimentos islâmicos tinham se diversificado e não constituíam uma ameaça monolítica. Uma minoria de extremistas radicais, agrupados em organizações como a Jihad Islâmica e o al'jam'a AL-islamiya (grupo islâmico), mano, combatendo governos, atacando fiéis de outras religiões e turistas estrangeiros. Mas o ativismo islâmico é também uma força social e política que opera dentro do sistema. Suas organizações mantêm escolas, clínicas, hospitais, bancos, editoras e oferecem vários serviços de assistência social. Uma nova geração de elite educada de forma moderna mas de orientação islâmica, inclui médicos, advogados, engenheiros, professores que buscam implementar alternativas, ou visões islâmica, dentro da sociedade em que vivem. O desejo de democratização política trouxe simultaneamente maior liberalização e repressão. Onde os governos abriram seus sistemas políticos, as organizações islâmicas participaram de eleições e surgiram como líderes da oposição, como no Egito, Tunísia e Jordânia. Na Argélia, a frente de salvação islâmica venceu as eleições municipais e parlamentares realizadas em princípios da década de 1990, e parecia pronta a tomar o poder quando os militares intervieram. Os sucessos dos movimentos islâmicos nas campanhas eleitorais levaram governos de países como Argélia, Tunísia e Egito à repressão política, sob a alegação de que os extremistas religiosos ameaçam "sequestrar a democracia", usar o sistema político para chegar ao poder e, em seguida, impor sua vontade e solapar a estabilidade da sociedade. Irã e Sudão são citados como exemplos dessa tática que ameaça a democracia e o pluralismo, em particular os direitos das minorias e das mulheres. Alguns observadores, porém, argumentam que muitos governos, cuja legitimidade política é frágil, e que se apóiam muito nas forças de segurança, só tolerarão uma "democracia livre de riscos" (uma liberalização que não ameace seu poder e domínio), e que a supressão indiscriminada dos islamitas pode contribuir para a radicalização e o extremismo. Enquanto alguns governos e especialistas identificam o fundamentalismo islâmico como uma séria ameaça à estabilidade de suas sociedades e à política mundial, outros dizem que é importante distinguir entre movimentos populistas autênticos, desejosos de participar do sistema, e rejeicionistas, que procuram derrubar governos pela revolução violenta

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